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Xenotransplantes

Quando é que se iniciou este tipo de procedimentos?​ 

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Em 1902, realizou-se um transplante de tecido renal de um porco numa criança. No início os resultados foram excelentes, no entanto, passado apenas 2 semanas, a criança acabou por falecer. Durante as décadas seguintes muitas tentativas foram sendo feitas, mas acabava sempre por falhar. Com a continuação da investigação veio-se a descobrir que a causa principal deste insucesso sucessivo devia-se ao sistema imunitário dos recetores que rejeitava o tecido doado. O que acabava por acontecer era a destruição dos capilares dos orgãos transplantados o que provocava hemorragias e a consequente morte.

Transplantes discordantes e concordantes

Podemos dividir os xenotransplantes em concordantes ou discordantes, consoante as espécies em que é realizado. 

Um xenotransplante discordante é por exemplo entre espécies muito diferentes, como entre porcos e seres humanos, já um concordante pode ser entre ratos e camundongos. 

O grau de diferença filogenética entre as duas espécies vai determinar a resposta imune humoral envolvendo reações antigénio anticorpo interespécies. 

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Sendo assim por que é que não se realizam mais transplantes entre primatas e humanos?

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  • Em primeiro pela ligação emocional que partilhamos com estes mamíferos; 

  • Em segundo, muitas das espécies estão em perigo de extinção, não sendo por isso viáveis para este tipo de procedimentos a longo prazo; 

  • E em terceiro porque como são filogeneticamente próximos do Homem o risco de infeção é maior. 

Xenotransplantes entre suínos e humanos

Apesar de este tipo de transplantes ser discordante, o que vai levar a uma reação que destrói rapidamente o enxerto e com possibilidade de transmissão de infecções interespécies, as suas semelhanças morfológicas de determinados órgãos leva a que tenha resultados promissores na área dos xenotransplantes.

Outra vantagem menos romântica da utilização de suínos deve-se ao seu baixo custo de manutenção e de acasalamento.

Sendo assim, nas últimas 4 décadas o suíno tem sido amplamente estudado como doador de órgãos para seres humanos, principalmente no sistema de assistência hepática temporária para manter os pacientes estáveis até ao aparecimento de dador compatível. 

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Com os últimos avanços científicos foram desenvolvidos suínos transgénicos livres de patogénios e com a finalidade de os tornar imunologicamente mais compatíveis aos humanos para evitar a rejeição. A técnica do CRISPR/Cas9 também permite a edição genética, sendo possível realizar a troca de genes de porco por genes humano. 

 

O risco de infeções continua a ser uma das principais preocupações. Pode ocorrer a transmissão de por exemplo, retrovírus endógenos presentes no genoma do porco, que se forem ativados nos recetores humanos podem conduzir a uma infeção. Sendo por isso necessário uma monitorização constante para evitar uma infecção zoonótica. 

Transplante de Coração Suíno realizado

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No ano de 2022, em março, um homem com 57 anos que tinha uma cardiomiopatia não isquémica dependente de ECMO, que não continha os standards necessários para ser aceite na transplatação tradicional recebeu um coração de porco. 

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O animal foi derivado de fibroblastos, uma linha celular que incluia 10 edições genéticas para tornar o tecido cardíaco mais compatível com a transplantação para o humano. 

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O coração suportou o paciente durante 7 semanas, sendo que não foram desmonstrados sinais de rejeição mediada por anticorpos. Ocorreu uma falha diastólica e o espessamento patológico do miocárdio que continua sem explicação (sendo que estes achados não são normalmente encontrados em alotransplantação). 

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O teste para a presença de PERV-A, PERV-B deu positivo, e negativo para o PERV-C, no entanto 60 dias depois da xenotransplantação não havia evidência para a presença de PERV-A, PERV- e PERV-C, o que sugere que não houve transmissão para o recetor. 

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