top of page
imunossupressao-scaled.webp

Imunossupressão

Em que situações é necessária?

A imunossupressão é crucial na transplantação, pois evita a rejeição do

órgão transplantado e permite a preservação da sua função.

 

No entanto, tal como a necessidade de matching HLA, também a imunossupressão depende do tecido/órgão transplantado e do tipo de transplante realizado. Há 4 tipos de transplantes:

 

 

No alotransplante e no xenotransplante vai se ter de recorrer à imunossupressão para evitar a rejeição.

Autotransplante:

Transplantação de tecidos do mesmo organismo de um lugar para o outro (o dador e o recetor são a mesma pessoa)

Isotransplante:

Transplantação entre indivíduos geneticamente idênticos, como gémeos monozigóticos

Alotransplante:

Transplantação entre indivíduos da mesma espécie, mas geneticamente diferentes (transplante mais comum)

Xenotransplante:

Transplantação entre indivíduos de espécies diferentes

Há histocompatibilidade total (compatibilidade entre as células), sendo possível transplantar tecidos/órgãos sem que exista rejeição

Não há histocompatibilidade total, pois os órgãos transplantados expressam aloantigénios diferentes dos expressos pelo recetor, o que levará à sua rejeição

istock-1286329194.jpg

Imunossupressão

Mas afinal o que é imunossupressão? A imunossupressão é, como o nome indica, a supressão do sistema imunitário, sistema este que reconhece e defende o nosso organismo contra agentes estranhos (“non-self”), como é o caso de um órgão transplantado. Para evitar a rejeição, são, então, administrados imunossupressores (medicamentos que permitem a imunossupressão).

Imunossupressores

O primeiro imunossupressor a ser utilizado em transplantes foi a cortisona nos anos 50, porém a quantidade de efeitos secundários limitou o seu uso. Atualmente, estes medicamentos são divididos em quatro categorias: glicocorticóides, inibidores da calcineurina, agentes antiproliferativos e anticorpos monoclonais/policlonais. São também descritas técnicas de terapia imunossupressora como a plasmaferese e a radioterapia.

imunossupressores_60116_l.webp

Fases da imunossupressão

A imunossupressão inicia-se no período peri-operatório, com a administração de doses baixas de fármacos variados, com alvos moleculares diferentes, de forma a dar início ao efeito imunossupressor. Depois, temos a imunossupressão de indução e a imunossupressão de manutenção. Das quatro categorias de imunossupressores mencionadas acima, os anticorpos são utilizados na terapia
de indução, enquanto que as outras três categorias são utilizadas de forma
combinada na fase de manutenção.

1. Terapia de indução

Refere-se à imunossupressão intensa iniciada no momento do transplante, com doses elevadas de imunossupressores. Tem por objetivo prevenir a rejeição aguda e induzir um estado de tolerância ao transplante, suprimindo a resposta imunológica inicial do hospedeiro.

No entanto, tal supressão acarreta diversos riscos, como o desenvolvimento de complicações infeciosas, pelo que esta terapia deve depois ser suspensa e substituída por regimes de menor potência e adaptados às necessidades do indivíduo e resposta farmacológica (imunossupressão de manutenção).

2. Fase de manutenção

Consiste numa conjugação de imunossupressores que estimulam a sobrevida do transplante. Nesta fase, as doses farmacológicas são, então, mais baixas, pois vão ser administradas durante mais tempo e procura-se diminuir a sua toxicidade. Esta redução é possível graças à resposta imunológica ser mais facilmente controlada à medida que o tempo vai passando após o transplante. No entanto, não é possível parar o regime imunossupressor até 20 anos pós-transplante sem que ocorra rejeição aguda e perda do órgão transplantado.

Riscos associados à imunossupressão

Bacteria-PNG-Photo.png
5bd2031daacdfd0277498afc.png
3254049.png

Como já foi mencionado, a imunossupressão provoca um maior risco de infeção, pelo que se devem associar agentes anti-infeciosos aos imunossupressores. A frequência e a intensidade do processo infecioso estão diretamente relacionadas com o grau de imunossupressão aplicado. As infeções bacterianas que ocorrem no primeiro mês pós-transplante são normalmente resultantes dos procedimentos cirúrgicos em meio hospitalar envolvendo feridas, cateteres e locais de drenagem (infeções nosocomiais). Além deste risco aumentado de infeções oportunistas (bacterianas, fúngicas, virais e protozoárias), a imunossupressão apresenta outros riscos, como o aparecimento de cancro, aceleração da doença cardiovascular, entre outros.

É importante, então, selecionar tratamentos que minimizem o risco de rejeição, protegendo, ao mesmo tempo, o recetor de agentes agressores específicos, especialmente aqueles que que têm um impacto negativo sobre as funções vitais do organismo. Quando um agente imunossupressor apresenta mais efeitos tóxicos que benefícios deve haver a redução ou até mesmo interrupção do seu uso.

A adesão à terapia imunossupressora é indispensável para evitar complicações que influenciem negativamente a função do órgão e sobrevida do paciente após o transplante. A fraca adesão à

prescrição de fármacos imunossupressores traz um grande risco de rejeição e estima-se que seja responsável por 25% de mortes após o transplante, cerca de 60% de rejeições agudas e alguns casos

de rejeição crónica.

4d199666535dd6013cbf236f3d76d4bb-va-rus-verde.png
2855310.png
comprimidos2-e1460311711442.webp

Conclusão

Atualmente, a terapia imunossupressora assegura baixos índices de rejeição aguda do transplante, diminuição de rejeição crónica e aumento da vida do transplante. Uma variedade de diferentes agentes imunossupressores, tanto farmacológicos como biológicos, estão agora disponíveis para uso clínico e, à medida que novos agentes surgem, começa a existir uma melhor complementação ou substituição de agentes pré-existentes, tornando a terapia atual altamente eficaz na prevenção da perda do transplante por rejeição.

No entanto, devido à potência dos agentes disponíveis, o desafio atual é evitar o excesso de imunossupressão e os problemas de infeção e malignidade que acompanham a imunossupressão excessiva e não específica.

bottom of page